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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Só mais um fado

Não me engano se afirmar que não há fadista no activo, que não cante pelo menos um fado de Jorge Fernando e isto diz tudo dobre a sua qualidade com poeta do fado. Acrescentando a esse dom, que já não era pequeno, junte-se lhe esta voz maravilhosa, este frasear claro e sem repelões desnecessários, nem exibicionismos estilosos e temos Jorge Fernando.

Normalmente também compõe música para as suas letras mas desta vez meteu o seu poema em cima da música do fado Zeca de Amadeu Ramim.

Este fado está incluso no seu último trabalho de 2009 que chamou de Vidas, onde canta esse tema que deu nome ao álbum por duas vezes em dueto com a grande Amália , mas também com a fabulosa miúda Fábia Rebordão, que ele ouviu, tal como eu dar os primeiros passos como fadista, nos Ferreiras em Lisboa.

Um abraço Jorge e venha mais disto, o Fado espera-o sempre

O frio da noite andou pla minha mão
num rodopio de estrela e luar
doeu-me mais o frio da solidão
que a mão teimosamente a querer gelar.

Em mim, coube-me apenas por memória,
as dádivas do amor que me trouxeste,
sou livro que suspenso ao fim da história,
espera o final, que ainda não escreveste.

Quedei-me algures cansado dos meus passos,
de tentar perseguir o pensamento,
os laços entre nós ficaram lassos
frouxos como o meu próprio lamento.

Dá-me pois a ilusão duma só hora
dum final suspenso e adiado
para se acalmar o frio que me devora,
preciso de te ouvir só mais um fado.


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